Histórico
A database compilada nesta Linguagem falada em Fortaleza é material cujo aproveitamento permite a produção de pesquisas cobrindo amplo leque de variação fonológica e sintática da fala urbana nordestina.
Sabemos todos que a constituição de um Projeto que se pretende produtivo e incentivador da iniciação e formação em pesquisa é fruto significativo de trabalho de equipe que toma a si a tarefa de se desdobrar em diversos níveis de atuação , desde o acadêmico, passando pelo administrativo-financeiro e, sobretudo, pelo nível de relações humanas. O Projeto “Dialetos Sociais Cearenses” não foge à esta regra. Desde a sua constituição até a apresentação do Relatório Final à FINEP, ao culminar a sua primeira fase em 1988, o perfil da trajetória inicial desse Projeto tem sido desenhado a partir da atuação de seus membros, cujo vínculo ora se limitou a pequenas mas decisivas etapas, ora a etapas de maior permanência.
Não cabe aqui apenas resumir essas etapas e, nem tampouco, apenas detalhar o registro dos nomes daqueles pesquisadores, consultores e bolsistas que integraram o DSC em seus primórdios. Penso que o conjunto de trabalhos produzidos – a saber, “Os marcadores conversacionais cearenses”, “Marcadores conversacionais dialetais: dêiticos discursivos e sociais na fala cearense”, “Enfraquecimento das fricativas sonoras”, Padrão das negativas na fala cearense” – retrata a consecução das metas projetadas.[1]
Como momentos de relevo, na etapa em que participei do DSC, salientam-se a contratação da Profa. Maria Izabel Magalhães – então em licença sabática da UNB, que, além de oferecer curso introdutório sobre análise do discurso, implementou um Banco de Interação Médico-Paciente, gravado no Instituto Psiquiátrico do Ceará – e as consultorias do Prof. Sebastião Josué Votre, na época representando o Projeto PEUL/UFRJ, e do Prof. Luiz Antônio Marcuschi, da UFPE, que acompanharam, mais de perto algumas análises em desenvolvimento no Projeto. Significativos também foram os seminários seriados sobre discurso apresentados pelos Profs. David Brazil, Mike Hoey e Malcolm Coulthard, da Universidade de Birmingham, e, ainda, os de Carmem Rosa Caldas, da UFSC, e de Ignácio Ribeiro Pessoa Montenegro, da UFC. Ressalve-se, também, o apoio, em muitos momentos importantes, da equipe docente do Departamento de Letras Vernáculas da UFC e, igualmente, de José Rogério Fontenele Bessa, coordenador do Núcleo de Pesquisas Lingüísticas – NUPEL, da UFC.
Convidada a historiar parte dessa primeira fase do Projeto “Dialetos Sociais Cearenses”, em que, recém-doutorada, assumi a função de coordenadora a nível local, na UFC, e junto à Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura, não posso senão, unindo-me às vozes de colegas e de bons amigos com quem empreendi essa jornada, congratular-me, com sentido de orgulho, da continuação desse DSC, que já promete novo fôlego e abre novas frentes para ampliar o retrato da pesquisa dialetal no território brasileiro.
Professora Dra. Cláudia Roncarati
[1] No Boletim 11 da ABRALIN, de junho de 91, em artigo assinado por Gonçalves e Roncarati, encontra-se um resumo desses trabalhos. O volume 1 do Relatório Final do Projeto, apresentado à FINEP em dezembro de 88, contém minuciosa descrição da Amostra utilizada nos trabalhos produzidos e síntese das etapas fundadoras desse Projeto.